De algum tempo pra cá a expressão sofrimento fetal tem sido muito usada e também discutida por vários especialistas da área e também por defensores do parto humanizado. Afinal o que é sofrimento fetal e até que ponto uma cesárea de emergência é realmente preciso?

Polêmicas a parte, o sofrimento fetal se caracteriza por uma situação em que o bebê não está bem intra útero, isso pode ser por alguns motivos distintos, mas tem sido usado de pretexto e muitas vezes e em alguns casos até mesmo para convencer uma mamãe e ter seu filho via cesariana mesmo se a vontade da gestante for outra. Porém, o termo sofrimento fetal quase nunca é esclarecido realmente.

O motivo para um parto cesárea repentino ser somente sofrimento fetal deve ser questionado, porém em alguns casos basta o termo “sofrimento fetal” aparecer e claro, a gestante entra em pânico. Mas quais casos devem ser encarados como sofrimento fetal? Quais os riscos verdadeiros que pedem de fato uma cesariana de emergência?

Um caso verdadeiro de sofrimento fetal pode terminar com parto normal? Para determinar alguns fatores e exames devem ser feitos antes de qualquer conclusão, a monitoria do feto deve acontecer com muito cuidado. Avaliação como dinâmica do bebê, sua oxigenação e a presença de mecônio no liquido amniótico.

Quais os Fatores Concretos Sofrimento Fetal?

Já vimos aqui que as voltas do cordão umbilical no pescoço do bebê é totalmente mito em relação ao parto normal. Não importa quantas voltas tenha do cordão umbilical no pescoço do bebê, o oxigênio continuará a passar, pois, o bebê recebe todos os nutrientes inclusive o oxigênio pelo cordão umbilical. O único, porém é o nó verdadeiro. Como circular de cordão já foi desmistificado como sofrimento fetal, vejamos alguns itens mais que são levados a crer em sofrimento fetal:

Batimentos cardíacos fetal desacelerando – Normalmente a compressão das contrações sobre o cordão umbilical pode ocasionar uma diminuição dos batimentos cardíacos momentaneamente durante o pico da contração. Normalmente acontece durante o trabalho de parto ativo, porém há casos em que isso pode começar a acontecer antes mesmo das 35 semanas nas contrações de treinamento.

A diminuição da oxigenação do bebê é um fator agravante na hora do parto, porém mesmo com exames apontando, a certeza absoluta vem mesmo do exame do sangue de dentro do cordão umbilical onde se detecta com certeza essa falta de oxigenação, essa falta de oxigenação deve ser levada e muito em consideração, afinal é um forte indicio de sofrimento fetal agudo.

Cardiotocografia feita na maternidade

Presença de mecônio no líquido amniótico – Normalmente quando o bebê está pronto para nascer mas o trabalho de parto não acontece, a tendência do bebê fazer cocô torna-se maior. Como o bebê engole aquele líquido com mecônio, pode levar o bebê a adquirir algum tipo de infecção. O mecônio se detecta presente através da ruptura da bolsa, e nesse liquido pode-se perceber claramente a presença da cor esverdeada do cocô do bebê, porém esse mecônio não impede a gestante de ter um parto normal, em absoluto.

Alterações Cardíacas do bebê e gestante – Se mesmo sem contrações o bebê tem alterações cardíacas também se considera sofrimento fetal, porém não é um indicativo direto para um parto cesárea emergencial, tudo vai depender do estado geral do bebê e tanto como suas condições e da gestante na hora que se aproxima do parto.

Alteração da pressão arterial materna – Se a pressão arterial está muito elevada, a hipótese de um parto via cesárea deve ser discutida com o médico, claro que outros fatores como risco de pré eclampsia  e síndrome de Hellp devem ser afastados antes de qualquer outro diagnóstico da DHEG.

Diminuição dos movimentos fetais – Não é um indicativo de sofrimento fetal, com o passar da gestação o espaço pode ficar menor e assim diminuir os movimentos porém os movimentos e a vitalidade do bebê devem ser monitorados pelo médico.

Esses episódios não impedem um parto normal. Estímulos como sons também não devem ser ignorados pelo bebê. Muitas maternidades usam o método da buzina sonora para “acordar” o bebê e ai ver a reação que tem ao barulho externo e ao toque também. Outro indicativo de sofrimento fetal é a ausência de liquido amniótico por mais de 48 horas e ausência de trabalho de parto mesmo com indução, nesses casos a cesárea é a saída mais segura.

A maioria dos casos de sofrimento fetal como redução dos batimentos cardíacos ou baixa oxigenação do feto são detectados com ultrassonografia com doppler, cardiotoco e exames feito pelo medico, porém absoluta certeza somente após o parto. Resumindo, todo caso é único e deve ser avaliado por um especialista individualmente. Se a sua vontade é ter um parto normal, converse com seu médico. Nem todo sofrimento fetal é indicativo para cesárea, o médico deve levar em conta todos os fatores e o histórico da gestante para determinar se é viável ou não um parto normal na ocasião, o importante é que tudo saia bem e mãe e filho fiquem com a saúde 100% e que o bom senso prevaleça de ambas as partes, tanto do médico como da parturiente.

Nota da blogueira: Tive o primeiro parto cesária por indicação de um médico devido a bolsa rota e um diagnóstico de quadro de infecção, mesmo assim o médico levou 2 dias para fazer o parto, ai me pergunto, será que poderia ter induzido o parto ao invés de ter feito uma cesariana? Essa resposta nunca vou ter mas sinceramente? o que importa que no final, tudo deu certo. Se a sua vontade é ter parto normal ou natural, orientação e informação faz toda a diferença.

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Fotos: Pablo Alcolea