TF_Pesquisa Maternal

No dia 1 de agosto 2015, a atenção se volta para um assunto muito destacado aqui no Famivita Conteúdos: o aleitamento materno. Começa a semana mundial e diversos eventos serão realizados em todo Brasil abordados pelas ministérios e secretarias de saúde locais. Por sete dias, o assunto ganha a importância que merece todo dia, não somente de nós mães ou grávidas, mas da sociedade em geral.

Além de beneficiar o desenvolvimento, a alimentação correta com o recurso mais valioso para os bebês, diminui sua chance de mortalidade até os 5 anos em até 13%. A falha em apenas 1% arrisca a vida de 3800 deles. Segundo dados da Fiocruz para 2014, 186 mil litros foram doados e distribuídos entre 178 mil bebês o que corresponde a pouco mais da metade dos 350 mil prematuros do país. Para o Ministério da Saúde, esta quantidade cobre 55% a 60% da demanda. Mas quem entra no detalhe do assunto percebe a demanda real tem que ser maior ainda. Os 23% de leite doado não distribuídos podem ser apenas a ponta do iceberg da insuficiência.

É fato que em muitos bancos, o leite materno é complementado ou substituído por leite artificial, como relata a diretora do banco de leite materno do Hospital Regional Sul em São Paulo, Rosangela Gomes dos Santos: “Para garantir uma alimentação ideal a todos os bebês precisaríamos de 120 litros todo mês, mas temos apenas 70.” O hospital é responsável por uma região de 250 mil habitantes. Extrapolando esta quantidade ao nível nacional, a demanda real chegaria a mais de 3 vezes do valor divulgado pelo governo e as doações atuais representam apenas 16% dela. Este número se refere apenas à demanda da UTI neonatal, sem considerar a UTI pediátrica ou outros bebês que motivos diversos não recebem leite materno e nem chegam a requisitar.

Motivos da Falta

Apontar dedos não vai fazer com que todos os bebês recebam seu leite materno. Todos podem fazer mais e contribuir para que os seguintes resultados da nossa análise realizada entre 513 mães e leitoras melhorem. Apenas 1 entre cada 6 chegou a doar leite excedente e apenas 1 em cada 16 fez isso com frequência. Nem toda mulher tem leite excedente que possa doar, mas 47% das entrevistadas relatam não ter nenhuma experiência com a doação e nem sequer pensaram na possibilidade neste ato de amor. Por isso, a divulgação da problemática precisa ser mais presente em todos os meios de comunicação.

experiência com doação de leite materno

As dificuldades logísticas de um país com tamanho do Brasil, sem dúvida, contribuem para a falta de doação e distribuição. Porém, quase metade da população vive em cidades com porte de 200 mil habitantes, das quais a grande maioria possui um ou vários dos mais de 300 bancos de leite ou postos de coleta. Cada um deles com endereço e telefone pode ser encontrado com facilidade através da nossa ferramenta LOBALE a partir da simples informação do CEP. Uma ligação para o local mais próximo pode não apenas mostrar revelar que a distância não é insuperável, mas também esclarecer diversos preconceitos ou dúvidas relacionadas à doação.

O tempo de alimentação com leite materno é insuficiente. Em 28% dos casos nem sequer os próprios bebês recebem leite materno pelo período mínimo recomendado de 6 meses. Uma em cada 16 mães não chega a alimentar seu recém-nascido com leite materno e recorre imediatamente à alternativa artificial. O aconselhado é amamentar até os 2 anos de idade, mas apenas 18% das mães chegam até este ponto. A cessão precoce da amamentação implica uma perda de produção de leite excedente para doação. Mesmo com uma parte das mulheres incapacitadas de doar leite materno, os números permanecem insatisfatórios. (Obs.: A demanda total engloba os bebês destas mães.)

tempo de alimentação com leite materno